quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Velho maldito

1

Era aproximadamente onze horas da manhã quando o velho acordou, não por falta de sono, mas sim de cortina em sua janela. O sol em sua cara já não dava tréguas. Visualizou as ultimas bebidas disponíveis em sua memória, que havia tomado na noite anterior e balançou a cabeça em sinal de reprovação. Mas não se enganem. Aquele velho maldito não se arrependeu de ter bebido tanto, nem de ter misturado as bebidas, aliás, isso é um mito. Se você sabe beber, você realmente sabe beber. Ele se arrependia por ter bebido e passado mal. Sempre que tinha noites terríveis, se mordia de arrependimento por não ter feito acontecer uma ótima farra ou algo do gênero. Sentia-se uma mulherzinha por passar mal e desmoralizado por vomitar em público (de novo). Era uma espécie de “honra bêbada” que ele prezava.
Levantou num pulo e sentiu o estômago lhe infligindo o castigo pela noite anterior. Ignorou seu órgão e seguiu até o banheiro. Olhou seu rosto no espelho e pensou: “seu maldito, está acabado. Bebendo como uma mulherzinha é?”. Botou a cabeça de baixo da torneira, se molhou e secou-se. Bagunçou o cabelo molhado e foi até a cozinha. Uma camisinha usada na mesa, ao lado de algumas garrafas caídas com a marca da cerveja que escorrera até o chão. Cheiro de cerveja quente. Pegou-as e atirou na grande lixeira, enjoou-se com o cheiro do lixo e vomitou por cima das garrafas, fechou a lixeira.

2

Precisava agora, após acabar com o podre de dentro do seu estômago, de muita água. Abriu a geladeira e não havia nada gelado, exceto o velho pedaço de queijo, daqueles que ficam duros com o tempo, e se quiser comer um pedaço de madeira com gosto de queijo, à vontade. Indignado, foi até a torneira da cozinha e bebeu água da torneira. Bebeu como um condenado. Encheu mais um copo e foi até a minúscula sacada, sentou-se contra a parede que protegia do sol e botou a mão no bolso de sua camisa procurando por cigarros. Achou um maço todo maltratado. Pegou um cigarro amassado e ascendeu-o mesmo torto, tinha a ponta voltada para baixo. Ficou sentado em sua cadeira da sacada após fumar seus últimos quatro cigarros, com calma, lentamente. Quando se sentiu nauseado buscou mais água. De repente na volta até cozinha deparou-se com uma mulher apenas com as roupas de baixo, maquiagem forte e borrada, cabelo desarrumado e cara de moça insaciável. Ela sorriu e veio em sua direção como quem vai dar um abraço. Ele sem entender nada, apenas a recebeu, abraçou-a e olhou por de trás de suas costas para baixo. Nádegas grandes e brancas, sua preferência. Gostou do que viu e concluiu que “quem quer que seja essa mulher, a noite anterior havia sido ótima. Aprovado”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário