quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Sobre o direito e o dever de se expressar.

Como já dizia Raul Seixas: "Todo homem, toda mulher, é uma estrela". Não, não estou a fim de engrandecer as pessoas, muito menos você. A intenção é salientar a incrível potencialidade de criação que as pessoas possuem. Existem casos em que o indivíduo é mesmo um néscio, sem capacidade alguma de transmitir, seja um pensamento, um sentimento, uma ideia, enfim, qualquer coisa do seu interior, tanto que passa a reproduzir a “cultura” – se é que podemos chamar assim – comum. A coisa mais comum hoje em dia é ouvir frases de programas de televisão, exatamente como foram ditas, em todos os contextos, o que realmente não faz o menor sentido. Exemplo? “Ronaldo”. Creio que fui claro nesse ponto. Bem, a culpa não do indivíduo exatamente. Há muitas barreiras ultimamente no que diz respeito a expressar a opinião própria.
Seguindo o raciocínio, a maioria das pessoas realmente tem algo, por mais fútil que seja, por mais pessoal, canalha, imoral, enfim, todos possuem algo. A grande dificuldade está em transmitir. Por exemplo, não foram poucas as vezes que imaginei melodias, com a ideia de arranjos, letra, musicas completas. É genial, pensei muitas vezes, no entanto fui tentar escrever tudo, mas não saiu nem a metade da “grande obra”, apenas o esqueleto esboçado.
O ponto onde quero chegar é o seguinte: Todos deveriam se esforçar para produzir algo. Todos possuem alguma potencialidade, e por mais inútil que seja todos deveriam expor suas ideias. Ultimamente a possibilidade – grande – de morrer sem deixar nada, nem mesmo um pensamento, vem me torturando. É óbvio que o mesmo acontecerá, um dia ou outro, porém é sempre bom tentar. Sabe-se lá quanto potencial pode haver em uma pessoa que se omite, guardando para si tantos pensamentos.
A grande e primeira crítica, creio eu, a esse pensamento é de que, se o pensamento, a ideia ou o conteúdo em si for realmente uma droga, uma nulidade, sem propósito, totalmente errôneo, não será valido. Muitos me dirão que, “há pessoas que devem ficar de bico calado”. Pois eu digo que, há pessoas que apenas não devem ser sectárias, pois o debate é sempre saudável e a discussão cria novas hipóteses. A algo melhor que a gênese de novos conceitos? Há, claro, quem prefira o comodismo à evolução. Nesse caso não há muito a ser discutido. Meu humilde escrito percorre ao lado do pensamento, em que o progresso, a edificação do conhecimento e a criação de novas idéias e conhecimentos, são fatores imprescindíveis para a construção do caráter e a evolução geral, por mínima que seja. Explicarei então sobre isso.
A dialética, um método dialógico – resumidamente, grosso modo, criado por Sócrates, desenvolvido por Hegel e depois analisado, criticado e reformulado por Marx – que vai dizer que a contradição de idéias, gera uma nova. De um lado uma tese, do outro uma anti-tese, e com o choque das duas, através das “contradições dialéticas”, há a gênese de uma síntese. Essa por sua vez, torna-se uma tese novamente, que será confrontada por uma nova anti-tese, gerando uma ou mais novas teses.
Relacionando agora com as minhas idéias, imaginamos de um lado, um indivíduo, aquele da opinião cretina, ou totalmente idiota – considerando que todas as pessoas são no mínimo um pouco idiotas – e do outro lado qualquer outro sujeito, com uma anti-tese, ou seja, qualquer pensamento que contraponha a opinião cretina. Considerando que eles tenham a capacidade de discutir sem serem sectários, e expor suas idéias tais quais estão na suas mentes pretensiosas e abiloladas, alguém vai “vencer” o debate. Lembrando novamente: “sem sectarismo”, alguém vai sair com a “verdade” (a grande questão filosófica pela qual a dialética é usada). A concepção de que, “nada é, e sim está”, nos afirma isso. Na pior das hipóteses, os dois indivíduos continuarão com suas respectivas opiniões, no entanto, no mínimo, um deles vai passar a considerar as idéias do outro, veja bem, no mínimo. Isso é verdade, por mais que se neguem a acreditar. Você mesmo, nesse instante está passando a considerar tudo o que eu escrevi. Pode estar discordando, com certeza, mas ao menos pensou nisso, o que já é algo novo para você – a menos que já tenha pensado em tudo isso exatamente igual a tudo que eu coloquei -, o que já colocou em prova seus dogmas ou alguma concepção pré-estabelecida em sua mente. Essa é a nossa amiga dialética, ela move o mundo, tanto no campo ideológico, quanto no material, e não, não estou inventando. Não é viagem minha. Isso é milenar.
Segundo Heráclito o ser humano não possui estabilidade, condizendo com a ideia já colocada de que “nada é, tudo está”. É dele a famosa frase “um homem não toma banho duas vezes no mesmo rio”. Nunca iremos banharmos no mesmo rio duas vezes, pois após o primeiro contato, não seremos mais os mesmos, nem o rio. A metáfora do rio é totalmente eficaz nessa perspectiva, pois o rio é um, é ele mesmo, no entanto está sempre se modificando, sempre com novas águas.
Após todos esses argumentos pra confirmar a aplicação da dialética no nosso contexto, posso terminar usando um dos conceitos de Rousseau, quem defende o direito de cada cidadão se expressar. Todos têm direito de dar sua opinião, o que eu complemento, dizendo que a construção da humanidade, a mudança, a transformação, está nessa exposição de opiniões, no confronto delas e nas suas novas hipóteses edificadas. Pouquíssimas pessoas aceitam uma discussão sobre política, ou religião, por exemplo, pois sempre gera um grande debate, no entanto ouvimos facilmente diálogos sobre a “novela das 8”. Sejamos corajosos ao expor nossas idéias, ao criar algo, produzir, enfim, essa é a minha opinião. E a sua?

OBS: Como já disse um ótimo professor meu, “sejamos radicais”, sim, por que não? A discussão é saudável, “porém jamais sejamos sectários!”

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